A minha irmã está a fazer os trabalhos de casa de filosofia. O objectivo é dizer ao que é que se dá mais valor: exterior ou interior. Uma das perguntas pediu para ela falar sobre uma pessoa que achasse bonita e ela decidiu escrever sobre mim. Após falar do meu exterior quis escrever sobre qualidades e defeitos. Perguntou-me - logo a mim - algumas qualidades. A minha resposta? N-a-d-a. Não fui capaz de responder. Ela perguntou e eu fiquei simplesmente a olhar para ela porque, sinceramente, não sabia o que lhe dizer. Defeitos? Fui capaz de dizer alguns mas está novamente provado que falar bem de mim não é comigo. Disse-lhe para ir perguntar às outras pessoas da casa. Comigo ela não ia a lado nenhum. Em suma, escreveu que eu era meiga, dava mais atenção aos outros do que a mim mesma, que era honesta, também que preferia falar calada a ferir alguém, entre outras. Acho que no fundo não deixa de ter razão porque até tem a ver comigo. O meu problema não é não saber. Porque tal como tenho noção dos meus defeitos, tenho igualmente noção que algures, na confusão que sou, tenho as minhas qualidades e que elas devem ser prezadas e devem ser reconhecidas pelos outros. Mas e reconhecidas por mim? Pois, aí é que está o problema. Cuspir qualidades não é comigo. Mas, aqui para com a miss, vou deixar anotado que espero, no futuro, vir a ser capaz de dizer umas coisas positivas sobre mim, está bem? Aliás, um dia vou ser capaz de falar sobre mim. Por enquanto consigo falar de defeitos, não é assim tão mau. Ou é pior que isso.