Pessoas.
Quantos mais dias passam em que eu ajudo pessoas mais me apercebo de como estas são estranhas. Trabalhar para uma empresa que oferece o entretenimento em parte das casas no país deixou claro, desde logo, como as pessoas são tão dependentes do serviço: ainda não me consegui habituar ao desespero de alguns em não ter televisão e internet para entreter os filhos. Horrível-horrível é perceber o Cérbero em que as pessoas se conseguem tornar. Como é que algo tão pequeno pode tornar as pessoas tão descontroladas? Como é que a privação de tv e internet as torna tão mal educadas e dispostas a passar por cima de tudo e todos para terem novamente o serviço? Às vezes fico a bater mesmo mal, fico verdadeiramente incomodada como as pessoas podem ser más e, em resposta ao meu estado, dizem-me que com o tempo vou tornar-me indiferente ao jogo que muitos fazem para ter os serviços: eu duvido porque me importo demasiado. Eu gosto de ajudar pessoas: às vezes deparo-me com gente que reconhece o esforço e isso sabe bem. Mas, em outros casos: como é que se pode ficar indiferente a alguém que nos está a insultar directamente, pensando-se superior, só porque não está a ver o programa da tarde num canal nacional? Argh. Pessoas. Até a própria palavra é estranha. Precisamos de começar a furar as palas que não nos deixam ver que há muito mais à nossa volta, é o que é.