A minha determinação e vontade de me vir partilhar para a miss existe e persiste com bases bastante fortes. O meu problema é o cansaço. Ainda que esteja a chegar mais cedo a casa, vejo-me com pouco tempo para fazer o que seja, antes de dar por mim só com vontade de fechar os olhos, por muito que o tente contrariar. O bom de escrever sem regras é não me prender à necessidade de cumprir prazos: de postar em x dia e em x tempo - eu, de facto, não o conseguiria mesmo se quisesse: não de momento -.
Quando a Smartie fez anos a minha mãe ofereceu-lhe um presente maravilhoso. Foi algo tão fixe que melhorou não só pela oportunidade que a minha mãe estava a dar a ela como a mim e às minhas irmãs. Ela sabia da nossa vontade de assistir ao Cine Concerto do Harry Potter e tornou tudo possível com uma surpresa e um presente.
Sábado fui para o Meo Arena camuflar-me no meio dos fans do Harry Potter. Eu própria gosto de Harry Potter (óbvio: caso contrário, o que estava ali a fazer?), contudo, estava no meio de fasquias de paixão bastante elevadas. Estava um calor dos diabos e os meus olhos, protegidos por uns óculos de sol que já viram melhores dias, perscrutavam pessoas de camisolas, cachecóis, com casacos e até mantos. O que mais me foi difícil de lidar foram mesmo os cachecóis: como assim pessoas a usar cachecóis quando estavam quase 30C? Isso é que é amor!
Além das inevitáveis pessoas que chegam depois de o espectáculo começar, que passam à frente das outras como se a interrupção e o incómodo não acontecessem, que agem como se não estivessem a perturbar ninguém, a experiência de assistir a um filme com banda sonora ao vivo foi deliciosa e o gosto mais do que expectável. Esmiuçando a minha opinião, sou obrigada a dizer que a mesma teve três patamares diferentes. 1) a ideia de que aquilo que eu iria ver iria ser giro mas nada por aí além. A coisa consiste em ter o filme a rodar enquanto uma orquestra toca e está tão bem sincronizada e enquadrada que em 50% do filme foi fácil de me fiar na ideia de que eu não estava em mais do que dentro de uma arena a ver um filme. 2) a percepção de que estava uma orquestra lá e que a música estava a ser, de facto, tocada a o vivo. Esta noção era particularmente fácil de obter quando a música se sobrepunha ao filme. Nesses momentos eu era obrigada a olhar para a banda com admiração porque "wow, estão mesmo a tocar, porra!". Por fim, 3) o deslumbramento fruto da assimilação de que estava a ver algo estrondoso. Há toda uma complicação, descomplicada, harmoniosa e estrondosa em palco que é fácil ficar de olhos em bico, mais fácil do que tentar fazer bolhas de sabão com água com pouco detergente.
Foi com o desenrolar do filme que o trabalho da orquestra se mostrou mais intenso e com mais vigor, não deixando margem para dúvidas sobre a presença vigorante, o talento e o trabalho da mesma em palco. Fez-me perceber, pela experiência, que se ver filmes é bom e eu adoro, ver filmes com banda sonora ao vivo é ainda melhor e este espectáculo que vi mereceu as ovações em pé: chegou a fazer-me gostar mais da história do Harry e ter vontade de reler o primeiro livro da série.
A orquestra chegou a tocar as músicas dos créditos finais (coisa que eu pensei que não iria fazer): achei alguma falta de chá da parte de determinadas pessoas que deram à sola assim que o filme acabou, mesmo a orquestra continuando a tocar. A arte não atinge a todos, é a verdade. A mim atingiu: a intensidade da harmonia arrepiou-me algumas vezes. Foi uma experiência a repetir. Tanto quanto sei, no próprio dia do cine concerto, da Pedra Filosofal, foi anunciado o cine concerto da Câmara dos Segredos no próximo ano e eu sei de alguém que não quer perder. Quer dizer, é um dos que mais vi: acho que isso quer dizer alguma coisa. Estão tããããõooo entusiasmada! Mal posso esperar para ver/ouvir!