Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Miss Nothing

"I am different ... Equal to the rest of the world."

15
Mar15

(Acho que) abandonei o coração em Nova Iorque.

image.jpg

 

 

Há, praticamente, uma semana atrás - uma semana e um dia, vá - acabei de ler o livro que a Smartie me ofereceu no Natal. O livro que me deu é constituído por dois livros, anteriormente editados individualmente. Gosto muito de ler livros que buscam temas em que há crianças, principalmente quando estamos a falar de mães solteiras - ou mulheres prestes a ser mães solteiras - e os dois livros debruçam-se sobre isso mesmo. Em Uma luz na tempestade tínhamos a história de uma rapariga que daria à luz dentro de pouco tempo e que precisava de ajuda para escapar ao passado que não a largava. O que ela fez? Bem, nada. Tanto eu como os protagonistas chegámos, mais ou menos, ao mesmo resultado: foi o destino. Ela esbarrou com um homem disposto a ajudá-la e ela, em prole do futuro da criança que iria ter, aceitou essa ajuda. Foi uma caridade mútua, acho, que resultou maravilhosamente ao meu coração. Acho que a determinado momento cheguei a acreditar que iria gostar mais da primeira história do que da segunda.

Tenho por hábito esquecer sinopses e isto leva-me a duas situações: um) ler a sinopse, achar que não é grande coisa mas decidir que posso dar uma vistoria no livro mais tarde e perceber - séculos mais tarde - que estava errada; dois) achar que o livro é maravilhoso mas esquecer-me do que se trata e quando vou de novo em busca percebo que é melhor do que eu pensava. Esta última acontece-me com frequência por acaso e foi o que aconteceu em relação a Um herói em Nova Iorque, o segundo livro do livro. Na altura em que terminei Uma luz na tempestade estava completamente a leste do segundo livro. A única coisa que eu não me esqueci foi que ela era mãe solteira. Até acredito, agora que penso bem no assunto, que na altura em que descobri o livro não cheguei a dar a devida atenção à sinopse, tendo ficado encalhada no facto de a protagonista ser mãe e de ela e o homem principal serem vizinhos. Porque só isso já basta para eu querer ler. Eis o que me passou ao lado: a profissão de Mitch - o protagonista - era a coisa mais abusada e fantástica de sempre. A sinopse diz que é escritor, mas podia aprofundar e dizer que o homem é um criador de BDs. Ele é vizinho de Hester - cujo nome só me faz pensar em Páscoa - que tinha um filhote de quase dez anos. Gosto de bebés mas também gosto de ser presenteada com meninos a enfrentar as coisas fixes da infância.

(aparte: O meu primeiro contacto com o tipo foi com o terceiro volume da trilogia das Chaves, também da Nora Roberts, que recomendei na altura e recomendo de novo. Não apenas o último; a trilogia toda mesmo. Motivos? Basta irem em busca da review que está por aí nas entranhas da miss.)

O que posso dizer? O afecto entre o miúdo e o Mitch é imediata porque, óbvio: é uma criança que adora banda desenhada e, por acaso, o seu novo vizinho é o criador das suas histórias aos quadradinhos preferidas. Isto só por si é perfeito. O que também é de topo é como a Nora desenvolveu este Mitch que entrou para os meus personagens masculinos preferidos. Gosto de homens duros mas que têm sentido de humor, são inteligentes, atrevidos, lindos de morrer por dentro e por fora. A maneira como se deu a conhecer ao pequeno e à sua mãe divertiu-me e deixou-me pelo beicinho o suficiente para eu querer um para mim. Convenhamos: é potencialmente o goal de qualquer escritor do tipo: fazer com que as leitoras desejem ter um homem igual ao criado para si mesmas. Também gosto de histórias onde a relação amorosa acaba por se desenvolver naturalmente sem forçar nada, histórias em que não é imperativo que os protagonistas fiquem logo enamorados e a desejar ficar colados para sempre. A não ser que a história o peça. Porque não tenho problemas com atracção/amor à primeira vista, mas gosto quando as coisas são bem feitas e não se desenrolam só porque sim. Dei por mim a gostar mais do segundo livro do livro quando ao chegar ao fim estava pronta a lê-lo de novo. Acredito que o miúdo de dez anos teve muito a ver com o assunto porque, de certa maneira, fascina-me a opinião e a visão de uma criança para com o seguimento da vida da mãe com uma nova pessoa. A Nora fá-lo muito bem e sim, devo estar a puxar a brasa à minha sardinha. A leitura é das coisas mais rápidas e leves que há e sabe tão bem como um batido de frutas num dia de Verão quente.

Este ano tenho apontado o mês em que os livros são lidos e dado uma pontuação numa escala de zero a cinco, sem me importar de usar decimais, que é o que costuma acontecer na maior parte das vezes. Dei à história do Mitch e da Hester um bonito 4.8 e tenho-me perguntado durante toda a semana se a classificação que dei é justa. Eu não dou cinco a um livro qualquer. Posso ler livros muito bons mas poucos são os que acabam por me arrancar um cinco em classificação. Até então li vinte e dois livros e desses todos apenas três foram grandiosos os suficiente para chegar ao topo da escala com um destaque bonito a negrito e tudo. Sou muito comichosa e prezo muito a minha intuição. Se não dei um cinco bonito foi porque não foi o suficiente para chegar lá. Mas, ao mesmo tempo, toda a gente se engana, não é? O que precisa um livro de ter para eu lhe dar um cinco? Tem de me deitar por terra. Tem de arruinar as minhas emoções e de deixar perdida o suficiente para eu não saber de que terra sou. Tem de me deixar inapta a novas leituras e consumir a minha mente ao ponto de eu não fazer mais do que relembrar momentos do livro. Tem de me deixar numa senhora ressaca literária e mais umas coisas que só me lembro na altura.

Um herói em Nova Iorque cumpriu com os pontos afirmados, no geral. Deixou-me perdida e sem vontade de ler outra coisa porque a história tinha sido um mimo daqueles que sabem tão bem quanto algodão doce de morango. Deixou-me numa ressaca literária que não durou assim tanto quanto pensei por insistência minha, coisa que não é habitual porque sou contra leituras por obrigação. Ainda assim, o que fui ler depois teve de ser...ahm...peculiar para eu avançar nas leituras e teve resultado e é isso que importa.

Durante esta semana enfrentei diferentes picos de consciência: Blablabla, a pontuação que dei foi merecida; esquece, se não paro de pensar e estou assim tão mal é porque deveria ter levado mais! Mas alterar não é aldrabar? Se dei aquilo na altura foi porque quando dei era o que achava! Mas...raios, pensar que merecia mais não faz por merecer mais por si só? Enfim...lutas interiores constantes.

Até então, na lista dos livros lidos, o livrito em questão continua com os seus 4.8, mas já me mentalizei de que não existe regra nenhuma que me impeça de modificar o que lá está. Acho que é o primeiro livro que me deixa tão em dúvida em relação ao seu merecido valor, mas uma coisa está assente: foi mesmo bom. E posso só dizer que o começo foi genial? A maneira de como o livro foi iniciado, aquele primeiro capítulo, soube-me a tudo. Muito bom.

5 comentários

Comentar post

Mais sobre mim

Mensagens

E-mail