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Miss Nothing

"I am different ... Equal to the rest of the world."

11
Mai17

A vida amorosa da Amiga Dois.

Estava mais gente que o normal a passear pelos corredores. Muito barulho, muito fluxo de indivíduos, o cheiro a tabaco ainda mais intenso porque a zona dos fumadores era mesmo ali em frente. Em reflexo, usei o telemóvel como refúgio. Guardei o passe dos transportes na mala e enfiei a cara no meu android, saltitando entre aplicações porque isso era ter o que fazer. Quando me sentei na zona de espera fi-lo a um assento de distância do que costumo tomar porque uma rapariga estava lá sentada. Outras duas aproximaram-se pouco depois e a que estava sentada  meu lugar da praxe, a Amiga Um, guinchou.

- Amiga, nós temos mesmo de falar! - Exclamou para a Dois - O que é que foi aquilo que eu vi no facebook? Estive para comentar mas achei melhor não o fazer...aquilo significa alguma coisa?

- Ahh, sim, eu também vi! - Disse a Amiga Três ao ocupar o lugar vazio que me separava da Amiga Um - Conta-nos tudo!

- Eu nem quis acreditar quando vi a foto. - Disse a Amiga Um. Ela e a Três queriam respostas mas estas não tinham oportunidade de viver graças à euforia das raparigas que não as mantinha caladas - Onde é que tu foste? E o que é que foi aquilo? - Por fim, uma abertura para a Amiga Dois se pronunciar.

- Nós fomos sair ontem à noite... - Confessou a Dois - Ele apresentou-me aos seus amigos. - E porque a coisa lhe soava inacreditável ela acabou por se repetir com uma reformulação - Siiiimmmm: eu conheci os seus amigos. - Havia uma nota de excitação no seu tom de voz que me fez manter atenta à conversa.

- Oh meu Deus! - A Um e a Três estavam contentes e a felicidade delas fez com que a Dois se risse pateta - E como foi?

- Acho que bom. - Disse a Dois. Depois, ela soltou a bomba - Ele apresentou-me como sua namorada. - Houve guinchos e mais guinchos de euforia.

- Ahh! Finalmente! Já não era sem tempo! - A Dois só se ria aparvalhada com a situação, demasiado encantada com os desenvolvimentos da sua vida amorosa com alguém que ela, nitidamente, gostava e muito - Eu bem sabia que havia coisa para estares a colocar uma foto no facebook.

- Eu até pensei que ele havia de se importar. - Disse a Dois - Mas sabes o que é que ele me disse? Para eu tirar a foto e voltar a pôr...para ver se tinha mais gostos. - As três riram-se animadas - Eu nem acredito que ele me apresentou daquela maneira. Eu até fiz o reparo.

- E ele? - Perguntou a Amiga Um.

- Disse: "Então, é isso que tu és."

- Ohh, ele é querido. - Apontou a Amiga Três.

- Devíamos comemorar. - Disse a Amiga Um - Agora nenhuma de nós as três está encalhada! - Houve mais risos entre as três por um bocado. Estavam ali em corpo, rindo-se como jovens de secundário, mas os espíritos estavam em Bora Bora a comemorar a vida com cocktails - Então é oficial, certo? - A Amiga Um perguntou. Queria que todos os i's tivessem os seus pontos e que a vida amorosa da amiga fosse tão clara como a diferença entre o preto e o branco - São namorados?

- Não sei... - Como assim? O apaixonado apresentara-a finalmente aos amigos e fizera-o intitulando-a de namorada. O que é que suscitava dúvidas? - A mim não perguntaram nada.

Ah. O pedido. Ela precisava do pedido.

O seu homem podia levá-la a uma igreja, assim: de repente, porque sim, fervendo para dar o nó e mesmo assim a Amiga Dois não havia de se saber noiva. O rapaz apresentou-a ao mundo como namorada, mas, pelos vistos, ainda não foi explícito o suficiente.

14
Abr16

So random.

Ontem na biblioteca: pousei as minhas coisas sobre uma mesa livre. São duplas e a da frente estava ocupada por um rapaz que não parou de olhar para mim enquanto tratava de ocupar o lugar. Ajeitei os meus pertences, tirei o casaco e após confirmar que tinha o telefone no silêncio eu abri os livros. Foi nessa altura que ele se esticou para a frente e me abordou:

- Desculpa... És brasileira? - A sua pergunta fez o meu espírito atirar-se para o chão e rir às gargalhadas, mas porque não o queria envergonhar, exteriormente: limitei-me a sorrir.

- Não.

- Desculpa perguntar. - Eu a relembrar todas as vezes que me punha a falar brasileiro, as vezes que leio e oiço ao ponto de ao falar me sair quase natural, o meu espírito a sofucar com o riso.

- Não faz mal.

- É que eu vi-te e estava aqui a pensar com os meus botões e... - Ele calou-se, a sorrir meio embaraçado. Talvez o tenha intimidado com o meu ar; a contenção do riso estava a começar a ser difícil porque na minha cabeça começaram a passar imagens da última vez que tinha visto Aristogatos. A minha versão é a brasileira. Nos últimos dias andei a cantar e a dizer as falas de quarentena e...meu Deus, aquele rapaz só podia ter um sexto sentido ou assim. O meu espírito mal se aguentava de tanto rir - Desculpa.

- Tudo bem, a sério. - Ele voltou ao seu estudo como se nada fosse e eu enfiei a cabeça nos livros. É daquele tipo de situações por que passamos e ficamos do estilo: What the..?! Mas que não dá para ultrapassar sem deixar de rir.

07
Out15

“Who in the world am I? Ah, that’s the great puzzle.”

Estava de colher de pau na mão, atacando um tacho onde recheio de rissóis acabava de ser preparado:

Eu: Entãããooo... O que é que o avô e a avó foram fazer ao hospital? - Uma pergunta pertinente uma vez que, no caso dos meus avós, vão várias vezes ao hospital, por vezes sem razão.

Mãe: Ahh, o avô ligou para mim e disse que...

Eu: ESPERA! - Ela calou-se perante o meu ataque, fitando-me de esguelha porque, convenhamos: às vezes não bato bem da cabeça. Olhei para o relógio e sorri feita estúpida - Boa, faltam cinco minutos para a minha hora do chá.

Mãe: Pelo amor de Deus. - Ela bufou. Manifestou-se mesmo com aborrecimento e como se eu não tivesse salvação - Pareces a Alice.

Ok. É suposto isso ser um elogio ou...?

Porque eu gostei.

31
Mar15

Vício em comum.

M: O que estás a ouvir, Jó? - A gémea em questão, desconectou os auscultadores do computador e deixou soar em alto som a música que ouvia.

 

- And we fall from faith but we rise and rise again -

 

M: Ok. Ana, o que estás a ouvir? - Esbocei um sorrisinho estúpido porque não estava longe do que a gémea ao meu lado estava a ouvir. Usei os dedos para marcar a página do livro que lia e aumentei o som do computador para ela ouvir.

 

- Into the sunrise, falling away now, falling away and we feel it all -

 

M: Ok. Fixe. E a mim? Não perguntam o que estou a ouvir?

Bê: O que estás a ouvir, Fifi? - Com um sorriso parecido ao meu - imagino -, foi a sua vez de tirar os phones do portátil e de deixar soar a música antiga.

 

- I'm fighting all this power, coming in my way. Let it send me straight to you, I'll be running night and day. -

 

Eu chamo a isto gosto. E sintonia. Uma que dura há anos.

08
Dez14

Ontem à noite...

Estar a um domingo à noite na sala equivale a ver, na televisão, o que a mãe e o pai querem ver: Factor X. Não acompanho e muito menos estou arrependida porque os concorrentes não são grande coisa e nem percebo como muitos foram escolhidos e ainda lá estão. No entanto, isso não importa. O que há a salientar é que o programa já caminhava para o fim quando a mãe suspira e reclama:

Mãe: Estou a ficar com sono! - Eu estava a tentar ler. Tentar. Com a televisão a passar pessoas que não cantam grande coisa e com as reclamações esporádicas da mãe era complicado.

Eu: Então vai dormir. - Consegui não tirar os olhos das páginas do livro e continuei a ler.

Mãe: Estou à espera do Pablo Alborán. - Desculpa?! A declaração fez-me olhá-la de testa franzida.

Eu: Tu gostas desse?

Mãe: Sim. - Mas desde quando?! Não fazia ideia mas não ia dar atenção a isso - Gosto de música italiana. - Eu tentei continuar a ler mas o seu acrescento fez-me engasgar com o próprio ar e rir-me até mais não, ao ponto de lágrimas chegarem aos meus olhos.

Eu: Estás a brincar? - Podia estar só a implicar comigo mas não. Ela abanou a cabeça e olhava-me como se eu estivesse louca - Mas ele é espanhol! - Ri-me tanto. Mas nem por isso ela amuou.

Mãe: Oh. E então? Italiano, espanhol: é a mesma coisa: eu gosto.

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