Nada acontece por acaso.
Domingo decidi que segunda-feira de manhã iria dar um salto ao Colombo. Assim: sem mais nem menos. Fui ao Colombo ontem de manhã porque existe algo chamado destino (também possível de apelidar de Fatalismo ou Determinismo). A minha avó, sexta-feira passada, presenteou-me com um mimo monetário e eu decidi que não fazia mal aproveitá-lo. Os meus pais foram passar o fim-de-semana prolongado ao norte do país e eu, sozinha com as minhas irmãs por praticamente quatro dias, achei que uma vez que eles se tinham ido divertir, também eu me podia presentear com algo a meu gosto. Cheguei a pensar que tinha ido ao Colombo para nada e lembro-me de, numa qualquer altura, num qualquer espaço entre cabides na Primark, me ter perguntado o que raio estava ali a fazer. Sim, o que raio estava eu a fazer no Colombo se estava claro que eu não ia comprar nada por não haver nada de jeito? Uma perda de tempo. Há, porém, um único sítio que torna uma visita que acaba de mãos a abanar em algo bom por isso foi para onde me dirigi.
As coisas mostraram-se perfeitas assim que entrei na loja da Disney. O espaço tem uma aura tão mágica que o meu cérebro se transforma todo ele num arco-íris quando lá estou. Dei dois passos e BAM: está a passar Pocahontas nos ecrãs espalhados pelo espaço. Fiquei emocionada. E decidi nesse momento que seria aquela loja que me iria proporcionar um mimo. Ia comprar a caneca da maçã envenenada da Branca de Neve porque é a coisa mais fantástica de sempre e eu já a desejava há demasiado tempo. Mas eis que o destino me surpreende. Olho para as mãos de uma das minhas irmãs e vejo-a com uma caneca da Bela e o Monstro que eu queria há ainda mais tempo. O meu espanto foi tanto que eu arregalei os olhos e risquei o CD, afirmando sem parar que ela não podia pousar a caneca, não podia-não podia-não podia. E se alguém apanhasse e eu perdesse a oportunidade?! Nem pensar! Fiquei tão cega por ter sido apanhada de surpresa que nem me apercebi que havia uma data de canecas iguais e que eu não ia ficar sem nada.
O achado fez-me perceber que tudo acontece por um motivo e que a ideia de acaso e espontaneidade não passa disso mesmo: uma ideia. Sem nenhum motivo, só porque sim, achei que tinha de ir ao Colombo segunda-feira de manhã e fui presenteada com o país das Maravilhas: eu sempre, sempre quis ter um Chip. Tanto quanto ser um brinquedo do Andy (isto ainda é um ponto que tento fazer acontecer).
Na caixa, a funcionária brindou-me com um sorriso e eu sorri-lhe de volta porque eu estava prestes a comprar um Chip - UM CHIP - e não tinha como não estar a mostrar os dentes todos num sorriso. Ela, bem disposta, presenteou-me com tudo o que gosto quando sou atendida numa loja por alguém: simpatia (o trabalho não lhe sugou a vida (e como havia isso de acontecer quando ela trabalhava na melhor loja do mundo?!)). Fui informada que tinha tido muita sorte, que a caneca tinha estado esgotada durante séculos e que o stock tinha sido reposto (finalmente) naquele mesmo dia. Eu só fui capaz de acenar, totalmente ciente da minha sorte (chamemos-lhe assim porque é bonito (não há disto no que está destinado a acontecer)). Ela, enquanto envolvia a minha caneca em papel, cantava a música do Tarzan que estava a passar na loja. Uma das minhas irmãs fazia o mesmo ao meu lado (achei piada à sintonia porque ela e a senhora da caixa tinham o mesmo nome e tudo) e eu trauteava porque como não?! A senhora fez-me sair da loja com um sorriso ainda maior no rosto. De saco na mão, com uma das maiores preciosidades do mundo, a sentir-me de coração cheio; e, por uma incógnita de tempo, o mundo pareceu-me perfeito. Pois é, pois é: nada acontece por acaso e a situação levou-me a salientar na minha mente que a felicidade está mesmo nas pequenas coisas. Com esta a minha mãe não vai, de todo, embirrar.