Se há coisa que não me importo de repetir é como este Natal, esta troca, esta recepção de presentes, foi especial e me tocou tanto. Não houve uma grande abundância de presentes mas isso, à medida que o tempo nos come, é algo que passa a ser normal, acho. O que marcou este Natal foram lágrimas. De certa forma, conseguimos acertar nos pontos fracos de cada um, o que foi para lá de bestial.
Eis os fios condutores para a cascata do Niágara sair pelos meus olhos:
A minha Alegria começou a rodopiar quando viu estas coisas. Pelos vistos eu não ia demasiado tarde para colocar na lista um CD do Frank Sinatra. Eu falei com a minha mãe sobre o dito cujo, informei a promoção, e ela disse para eu comprar que seria uma prenda sua. Não é o que eu tinha visto no site da fnac mas é Sinatra o que vai dar ao mesmo. Foi também ela quem me deu uma escova milagrosa para o meu cabelo - literalmente milagrosa - e um perfume. Obrigada, mãe!
A prenda das minhas irmãs foi das últimas a abrir, por acaso. Primeiro dei de caras com essa espécie de carta que fez soar o alarme na minha cabeça. Recusei-me a ler de imediato e ainda precisei de respirar fundo algumas vezes para conseguir controlar a vontade de chorar; isto só de ver imagens de filmes da Disney e o "Princesa Ana Bê" escrito. Bem mais tarde, quando eu já chorava feita parva sem parar, li e dei continuidade ao meu choro. Há uns tempos elas tinham feito uma espécie de jogo comigo para descobrir quais os filmes da Disney onde eu acabava por chorar. E como só isso não bastava, chegaram a ir mais a fundo e a mencionar detalhadamente as partes para que nada lhes escapasse e eu no dia de Natal percebi porquê. Compuseram uma carta, inserindo engenhosamente as partes dos filmes que me fazem chorar. Dali só podiam sair lágrimas, mesmo. Ofereceram-me um candeeiro em forma de árvore que é um verdadeiro mimo de magia. Disseram que a ideia de me oferecer esse candeeiro pareceu ainda mais acertada quando foram à loja e viram que o nome do mesmo era Frozen. Já o tenho na minha secretária. Só me apetece cantar músicas de Natal a olhar para ele. Obrigada, meninas.
Recebi o livrito mensal da Nora Roberts da Harlequin da parte de uma amiga das minhas irmãs. Já tinha conhecimento dele mas que isso não diminuiu a minha animação para o receber. Quer dizer: é Nora Roberts e é um livro: é preciso dizer mais? E no verdadeiro sentido da palavra mimo, uma amiga da minha mãe ofereceu-me um bloco de notas em forma de queque. Sabe da minha pancada por objectos em formas de cupcakes e família e eu não me importo nada. Ela acaba sempre por desencantar alguma coisa engraçada que me deixa contente.
A Nexaa pediu-me para escolher entre um Funko Pop e um livro e eu parti para o livro depois da loucura que foi a Comic Con que me fez voltar para casa com quatro funko pop. Na lista de livros que lhe dei constava muita Sylvia Day e eu acreditei que ela se iria debruçar sobre isso, mas não: ela atirou-se a Nora Roberts e olha eu muito incomodada com isso, hihi. Estava à espera desse livro há mais de um ano e se não fosse a Nexaa continuaria em busca de uma oportunidade para o ter. E como ela não podia ficar por aí: não bastando o choque da minha vida quando no meu aniversário me ofereceu uma máquina polaroid, desta vez surpreendeu-me ao oferecer-me a possibilidade de ir ao Rock in Rio do próximo ano. Isto quer dizer que posso afirmar que vou estar presente num dos dias do Rock In Rio Lisboa 2016. Socorro! Com prendas tão fantásticas acabo por pensar que o que ofereço é uma treta porque não é tão grandioso e espectacular como o que ela oferece. Mas, hey, eu tento agarrar-me àquela noção de que a intenção é que conta e as minhas para com ela são mesmo boas. Obrigada mais uma vez, Smartie.
A minha mãe reservou o melhor para o fim. Entregou-me uma foto minha (a tirar fotos) e disse que era uma pista para a minha prenda. Já tínhamos estado a falar e já a tinha ouvido dizer que me queria dar uma máquina fotográfica. Disse-lhe que pelas conversas e pela foto era levada a dizer que era a máquina. Eu tinha a certeza de que ela me iria dar uma máquina xpto. Já tinha começado a fazer listas mentalmente sobre prioridades. Se eu tivesse uma máquina boa, logo trataria de arranjar objectivas e isso... Não fazia ideia de que os meus pais (com contributo da maior parte da família) me fossem oferecer tudo de uma vez. Uma máquina xpto, duas objectivas, cartão de memória, um saco para colocar o material... Eu chorei rios. Chorei, chorei, chorei porque é daquelas coisas que mesmo que a gente tenhas luzinhas sofremos sempre pela positiva com aquela sensação de: finalmente, consegui. Então eu por um bom bocado só chorei. Quer dizer, holy shit: já tenho uma máquina xpto! E se antes podia ser insuportável, agora ninguém me vai aguentar.
Depois de todos estarmos emocionados pensei que tinha terminado, pensei que todos os presentes estavam entregues e, então, estava na altura de os desfrutar. Mas na. A mãe virou-se para mim e disse para eu fechar os olhos porque a máquina fotográfica, ainda que seja minha, é inevitavelmente repartida pelas pessoas da casa e eu também tinha direito a uma coisa só minha, como todos tinham tido. E, sim, faltava o presente o pai. A fungar, fiquei atenta aos sons. Alguém saiu da sala e voltou, entregando-me um saco grande. Continuei de olhos fechados e quis abrir o presente assim porque, também, ninguém tinha dito para eu os abrir, mesmo. Todavia, só o olfacto chegou para eu perceber o que era e voltar a abrir a torneira. Ao tactear o saco, apalpava o que estava lá dentro. Era fofo. E o cheiro? Morangos.
Então que ficou mais uma vez provado que afinal há quem me oiça, há quem dê atenção ao que vou dizendo, levando-me a sério. O pai surpreendeu-me ao oferecer-me o Lotso, o urso do Toy Story 3 que acaba na grelha de um camião, nesse saco da Disney que também está na imagem de todos os presentes juntos. Quero-o há muito tempo e é um facto de eu vou atirando ao ar o quanto quero o peluche e que quando vou à loja voo para ele para sentir o seu cheiro, não estava era nada à espera que ele me fosse oferecido e muito menos já-já. Chorei tanto, contente para caraças, juro. É mais uma daquelas coisas que se quer muito-muito conseguidas e tenho mesmo de agradecer ao pai por isso.
Consigo sentir as caretas e a pergunta: Porque raio haverias de querer um peluche de um urso mau? A resposta a isso é: porque me deixo envolver demasiado nos filmes. A coisa é que não acho que o Lotso seja mau, apesar do que o filme mostra. Queria o seu peluche porque, de certa forma, mesmo sendo um boneco, relaciono-o com a realidade; eu consigo ver o que está além da maldade e percebo o seu porquê. Ele é um personagem mal amado e que sofre por isso. Vejo o seu posto de comando, aquela maldade, como uma carapaça para se defender porque tem medo de ficar só e de ser deixado para trás. Desejava ter o peluche porque sou uma tonta que se importa com bonecos. Queria-o para provar à imagem do Lotso que pode ser amado. E então aqui estou: com um peluche que cheira a morangos sobre a cama e volta e meia estou de fronha enfiada na sua barriga porque aquele cheiro torna-o irresistível! Like I said: tonta. Mas hey, tornando-me mais criança do que é costume: tenho tido pesadelos sobre fantasmas desde o dia de Natal e quando acordo sinto-me reconfortada com o cheiro a morangos. Muito bom. Presentes fantásticos. Só vejo motivos para chorar até mais não, mesmo: Livros, ida ao Rock In Rio, uma máquina xpto, um peluche de um personagem que não irá ser deixado para trás. Afinal: Ohana.
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